segunda-feira, 2 de março de 2009

PEDAÇOS MEUS

Pedaços meus

É com ninguém
que faço este caminho
de angústia e pedras
Sou eu, só,
caminhando cega
por uma trilha tortuosa.
Ó dor, ben' vinda!
É assim que sei
como estou viva
E passo os passos
no chão bruto
e pó.

Posso deixar de lado
qualquer sonho vão
A sorte é crua
A esperança, nua de certezas
apenas vaga nas sombras
misturando-se à neblina
do crepúsculo.
A noite certa
emudecerá meu gesto:
filme velado
vida velada em brumas.
Vejo o corpo do futuro:
Ossos e carne negra,
negra pele
negros dentes
fiapos brancos de plumas
despencam.

O furacão me suga
É com ninguém
que faço este caminho
de turbilhão
e dor: réstia de luz amarga
acenando,
acenando...

É com ninguém
que cruzo o labirinto
arrastando o peito
sobre cacos.
Só.
Sei. Que preciso
Deseperadamente
Sobreviver.


Gleidi Campos


Um comentário:

Malu disse...

Belíssimo poema. Hard - forte e denso! Tem tua marca. Bjo, Belle de Jour que amo!