sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ETERNIDADE

Eternidade

IMAGEM JOÃO SARGO

Perdera sua companheira. Há 60 anos mantinha uma estreita relação entre o amor e o ódio para com ela. Ele amava seus cabelos brancos e odiava a falta que ela lhe fazia. Ainda mantinha seu lugar posto à mesa, seu espaço na cama, seus chinelos e chambre no banheiro, até a escova de dentes no mesmo lugar. Ao por a roupa na máquina de lavar sempre punha roupas dela junto, mesmo que limpas, par fazerem companhia as dele.Os vizinhos estranhavam as roupas estendidas, as conversas animadas e a música que vinham de sua casa.Para amenizar a solidão era isso que fazia, ligava seu radinho nas músicas preferidas dela, falava alto sobre como a música lhe fazia bem, por vezes rodopiava pela casa segurando um vestido dela, e depois de muito dançar deitava ansiando sonhar com ela.A Vida lhe sorriu com uma imensa felicidade em vida que a Morte num ato de inveja boa e solidariedade levou-o logo para o encontro dela.Chegando lá ela lhe sorriu e enfim puderam novamente dançar.Se perguntares à Morte qual foi o intuito do repentino ingresso dele no céu ela diria:
_ Eu o via dançar num misto de esperança e saudade enquanto ela sorria esperando-o na entrada do portão, às vezes a via rodando também. Só queria ver os dois dançando juntos.
Tahys Meybom (Miss T)

Um comentário:

Malu disse...

Achei fantástico. A morte, ainda que parecendo boa, mostra sua face egoísta. Uniu o casal por um prazer pessoal de vê-los dançando. A narrativa está excelente, adorável. Bjus, Sakura. Amo-te!!!