terça-feira, 13 de outubro de 2009

Descobrindo

(foto Jose de Almeida & Maria Flores)



Passeio pela sua boca
derretendo, sorvida...

Viajo pela pele tua
deslizando, perdida...

Caminho pelo corpo todo
dedilhando, entretida...

Navego nos cabelos
enroscando, absorvida...

Mapeando por inteiro,
decorando curvas, vãos
e fendas, contando pelos,
despenteando cabelos,
aos poucos te conhecendo,
te devorando

languidamente...

Rose

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Corpo lúteo


(Foto Ben Grossens)



De palavra em punho
tantas vezes parti
o mundo ao meio
na intemperança
do meu egocentrismo

Mas meu útero
gritou mais alto:

- Acorda, que ainda é hora!

E os estilhaços de sonhos
cravados nas paredes
de minhas moradas

refletem agora
uma alma remansada.

Enquanto os pesadelos
são sombras apenas
sob as quais adormeço

a salvo.


Malu Sant'Anna

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Café Sozinha



Aquele café servido numa fina xícara de porcelana,
de sabor intenso, forte e levemente adocicado,
esperando por meus lábios a prova do delicado
néctar que absorvo com gosto de saudade,
lentamente e sem pressa, enquanto o descompassado
bater de meu coração anseia a presença iminente.
Talvez seu coração estivesse comigo,
embora seu corpo estivesse distraído com outro corpo,
que não o meu.
Este café traz um sabor de saudade daquele tempo,
de quando a gente era feliz e não sabia.
E de doce passa a amargo com a ausência tua
Que castiga minh’alma assim todos os meus dias.
(Rose)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Delírio

(Foto Valery Velikov)

Teu corpo chora
Frenético e incansável
A me proporcionar prazer
E quanto mais te imploro
Tu segues a explorar cada
Ponto, desvendando os meus
Mistérios, fazendo-me gemer
Baixinho, pedindo mais e mais...

Eu deliro! Tu deliras!

E não pára...

Saliva minha alma
Invade minha boca
Deflora-me e segue
Num ritmo sintônico
Que linda sinfonia!

Sussurras poesia
Serenamente ao meu ouvido
Um gozo se anuncia
E outro...e mais...
Num êxtase poético
Tu cobre-me com teus versos
E eu derramo-me...prosa!

Lena Ferreira

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uma fraude



Os caminhos, as trilhas que percorremos na vida nos dão oportunidades...
Apresentam-nos encantos. E dentre esses quesitos nos oferecidos a titulo de escolha sempre optei por admirar e me encantar com a essência do ser humano. Com a beleza de sua alma.
Um amigo me postou em um comentário de um texto aqui no blog, a seguinte frase:
“Gosto do simples, é mais verdadeiro.”
Essa frase tem um significado absurdo quando se fala de alma, de essência.
Sim! O simples é verdadeiro.
Nessas oportunidades que encontramos pelos caminhos me encantei com uma alma, de uma essência linda. Comecei a compreender e cheguei às essências e aos extratos. Era como se fosse a última mão de tinta de uma obra de arte... Uma tinta forte que não saía. Era linda, tinta simples, e sua química natural.

Usei lixa fina, muito fina e delicada nessa minha obra de arte... Era a alma perfeita que habitara ali. Chegamos a questionar será que existe? Havia dúvidas. A perfeição era grande.
A sintonia era fina.
Mas eu estava encantada com o perfume que essa alma exalava...
E ela encantada pelo frasco.
Entristeci-me havia errado no meu frasco. Mas me alegrei afinal o mais importante tinha apresentado, tinha doado a minha essência, o meu verdadeiro perfume. Meus sonhos, meus desejos... Pura e verdadeiramente numa entrega íntegra...

Mas não foi só a tristeza daquele dia... A decepção tomou conta de mim no momento em que percebi que foi ao contrário. O frasco que me apresentaram tinha conteúdo falsificado... A Alma que conheci não tinha a essência, nem cheiro que me parecia.
Era uma alma de conteúdo desconhecido, que se juntou a um exército para julgar o frasco... A casca. Casca essa, que surgiu de uma brincadeira com o próprio exército no passado. Veja isso!
E tudo se tornou de difícil compreensão. Valorizei o conteúdo do frasco. Valorizei a essência do ser. Ser Humano.
E como atingir esse frasco? Como atingir essa imagem que me apresentaram?
Impossível.
Não causo ferida na carne!

Essa alma é apenas um frasco não original para o perfume que pensei ter conhecido, ter sentido o cheiro. A imagem que conheci é casca e quanto a isso não se pode fazer nada... Pois me apresentaram um frasco original, porém, de perfume falsificado.

Eu? Eu apresentei um frasco falsificado, mas de perfume original...
Bastava abrir, sentir o cheiro.
A originalidade está na essência da alma que "ele" conheceu.

Às vezes me pego pensando nesse frasco... E não vejo o conteúdo, o perfume. Ele está vazio.
Fico a admirar a verdadeira essência, o verdadeiro perfume, que podem estar em falsos frascos.
O bom conhecedor de alma, de essência, conhece e aproveita a oportunidade que a vida lhe oferece. Ou lhe ofereceu!

O Conteúdo que pensei ter conhecido, o perfume que pensei ter sentido o cheiro, evaporou assim que o frasco falsificado foi aberto para que ele pudesse sentir o verdadeiro perfume da alma que já então conhecia.

O perfume, a essência da alma que conheci é falsificada, e de nada me serve o frasco original...
O perfume não tem qualidade...
Não tem duração...
Quando se trata de uma falsificação.


Gleidi Campos





Como flores

(Foto Papoulas Ana de Sousa,
Borboleta Keith Clementes,
Mãos Google Search)


No meu jardim:
flores carmins,
borboletas e afins.

Em meu coração:
a ternura da mão
que segura a minha...

É quando a procura
chega, finalmente,
ao tão esperado... SIM!

Rose Chiossi

terça-feira, 24 de março de 2009

QUADRO PERFEITO


(FOTO GOOGLE SEARCH)

escorre em mim
a tinta do poema
que desenha em minha pele.
enxarca em mim
o óleo
que teu desejo derrama

se integram,
interagem,
se misturam,

num gozo que nos enleva.
O quadro perfeito...

Gleidi Campos
(FOTO BEN GOOSSENS)


A linha que separa a fantasia da realidade é
Frágil, e quando menos esperamos, ela se rompe.

O que eram dúvidas viram certezas.
O que era certo agora é errado.
Caminhos tortuosos,
Rotas desviadas.
Sonhos inacabados.
Desejos contidos.

O que fica é o sentimento
Que bagunçou nossas vidas
Virou-nos ao avesso
Revisou conceitos
Quebrou regras
Virou amargura
Beijos desejados
Olhar disfarçado
Um sorriso
Um toque
Um olhar
...

O desejo se fez mais forte que a razão,
E como tempestade revirou a nossa vida.
Deixou marcas para sempre em nós dois,
E a dúvida de que haja outro amor que supere
E que nos faça esquecer de nós mesmos e de
Todos os momentos... do tempo em que vivemos...

O tempo dirá.

Rose Chiossi

segunda-feira, 23 de março de 2009

ESPERE

(FOTO K&P)

Um misto de euforia e de medo
Apossou-se de mim, de repente
O que já não era mais segredo
Você me declarou abertamente

Ah...Como queria estar bem perto
Sentir o seu olhar a me invadir
Estou de corpo e alma; peito aberto
Pronta ou quase pronta a lhe seguir

Espere mais um pouco, peço eu
Deixa que esse medo eu domine
Creia, meu coração também é seu
Se quer me ajudar então me ensine

A superar decepções anteriores
A me entregar amando simplesmente
Pelo prazer de amar e sem temores
Ousar e ter feliz o corpo e a mente

Lena Ferreira

DO DESCONEXO DO MEU PENSAMENTO

Do desconexo do meu pensamento
(FOTO GONÇALVES SOUSA)

Subi a íngreme escada do caminho retilíneo
num horizonte previsto e traçado.
Não me curvei, não me esquivei,
mantive-me parado.

Ansiei que aliviasse a dor
de meus turvos olhos, míopes
por forçar a vista a frente
atrás de um sonho róseo e almejado.

E nada!

O medo sorria-me quase sadicamente.
Via todos os dentes!
Perfeitas madrepérolas do crânio.

Bebi o vinho em uma taça feita de âmbar,
só não percebi a cicuta misturada ao líquido fermentado.

Era tarde!

Meu pensamento antes confuso
tornou-se desconexo
e já não mais me fazia sorrir ante a adversidade.
Perdi-me
Miss T.

JARDINEIRO

(FOTO LIV EDGEWORTH)

Ao poço fundo
que continha
e vertia
tanta mágoa
minha

bastou
poucas pás
da tua terra fértil

para florescer
no lugar
o jardim
dos meus sorrisos.

Malu Sant’Anna

segunda-feira, 16 de março de 2009

COMPONDO O OLHAR

Compondo o olhar


(FOTO GOOGLE SEARCH)

Como música trazida pelo vento
Componho o teu olhar
Em meus pensamentos
No brilho que imita a alma
Na imagem traduzida de si
Vejo notas surgirem
Em sua íris

Como Bossa em violão sereno
Vejo o encanto das rimas ...
No olhar lacrimado de purpurina
Que te banha rosto em bicas
No som do silêncio te entendo...

Te busco e te puxo pra dentro
De mim
Te busco e te solto
Pra mim
Assim componho teus inesquecíveis olhares
De ondas de rádio, imagino enfim
A força dessa canção
Dentro dos olhos seus
Nos meus...

Gleidi Campos



AMA-ME

Ama-me



(FOTO MARC PELISSIER)

Quero ser o último poeta
a dizer palavras tristes,
a dizer frases melódicas,
a gemer com a dor de amar.

Quero ser o seu último desejo,
o seu suspiro e gemido,
a sua dor de me querer,
sua última vontade, o seu gozo.

Ofereço meus lábios a um beijo,
e ebriamente me perder
na dança da tua língua...

E assim se apaixone,
se surpreenda,
e te leve às estrelas...

Com um único beijo!

Rose Chiossi 04/03/2009


PARAÍSO

Paraíso



(FOTO GOOGLE SEARCH)

É tão gostoso anoitecer nos teus braços
Enrolada entre pernas e grossos pêlos
Embalada pelo hálito morno e fresco
E o descompasso arfante do teu peito

Tendo ao fundo a canção do vento
Que balança as cortinas, suavemente
E a lua, semi-oculta pelas nuvens
Iluminando mansamente nosso leito

É tão gostoso repousar ao teu lado
Recuperar-me da exaustão do amor
Acariciar o teu suado e saciado corpo
E sorrir, cúmplice, pela satisfação

É tão gostoso amanhecer, despertada
Com doce beijo e uma flor no sorriso
E perceber como é bom ser amada
Por quem se ama: isto sim é o paraíso!

Lena Ferreira-04/03/09


RENOVAÇÃO

Renovação


(FOTO ARMINDO DIAS)

Banhei-me de estrelas
cadentes. Iluminei-me,
fiz-me nova. Bebi da
Lua crescente e bela
tornei-me. Tingi meus
cabelos de mar e meus
pés de saudade. Busquei
nas flores o alimento
em perfume.

Batizada de céu e
purificada de infinito.

Miss T.


TUA ITAPEMA

Tua Itapema



(FOTO JOTA JUNIOR)

Deixa-me ser tua Itapema
linda, aos pés do mar
que eu te consagro
mais uma vez
ao amor infinito.

Vem pelo istmo
do desejo incontido
e te apossa
da minha geografia...

Faz em mim tua morada
teu refúgio, tua estadia.

Percorre
meus caminhos todos
desbravando as penínsulas...

Faz de mim tua estrada
teu remanso, tua poesia.

Eu te recebo inteiro
o gozo, o sonho, o riso
e tu te apossas, enfim
de mim, prá sempre
somente tua:

O teu paraíso!


Malu Sant’Anna


ENTENDER...

Entender...



(FOTO DANIEL COELHO)

Espetacularmente sólido,
é a reação cadente
de meu ser.

Explicitamente sólida,
minha devoção
e prazer.

Crê, somente por crer,
não é assim,
mas crê e se fazer crer,
não tem fim.

Mari's Schurr


terça-feira, 3 de março de 2009

MEU SANGUE... TEU SANGUE



Você precisa sair da linha que divide a brevidade do hoje

Nossa trilha não existe mais

Nossos caminhos já se foram....


Já saboreei você

Provei do doce ao salgado,

já fumei você

Nas narinas teu cheiro infiltrava nos meus pulmões

Já senti você tão dentro, que me sentia fora....


Mas não deixe de me olhar
O ontem foi ontem, e te falo a verdade

Não há o verbo haver e existir

O meu peito bate forte

E preciso jogar-te água pra acordar e ver que não há nós...

não há nós... não há dois....


Pega sua bagagem e caminha sua vida

Não te prendo a um ego inflamado de ser amada

Te libero das garras de uma paixão que se foi...

que se foi....

Deita o teu amor por mim num livro de retratos

Num livro que a edição foi interrompida ,

como você mesmo disse...


Molhe as fotos desse carnaval,

mas com o poder da lembrança apenas...

Sutil...

Forte...vivida...Experimentada...

Numa adolescência cumplice.


Mas não molhe novamente meu rosto


ao te ver sem chão por mim....


Vai ...


Precisas ir....


Gleidi Campos

BANQUETE

(Foto Ben Goosens)


As borboletas silenciam-se diante da beleza da rosa.
Desejosas por suas virtudes esperam o momento
em que o sol a forçe a oferecer o néctar.
Debatem-se disputando a vez com zangões,
besouros e varejeiras.
Mas a rosa, graciosa e estonteantemente bela,
reserva-se a presentear às borboletas,
o seu melhor banquete.

Rose Chiossi


MAR DE LETRAS

(Foto Jean-Sebastien Monzani)

Penso que sou palavras
Nesse mar de letras que se
Agiganta e me engole
Me engasgo, me afogo
Sem afago, sem fogo
Sem ar...Me limito...

Penso que sou palavras
E essa não certeza me tole
Me castra... me solta de
Mim...Penso, apenas...

E no vácuo dessa
Incerteza eu verso, cola
Na mão, juntando as
Letras...deixando marcas
Da minha imperfeição
Amontoada em páginas
(re)viradas.

Lena Ferreira