quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PRESA NAS TEIAS DA VIDA

Presa nas teias da vida
(Foto Yaleo)

Embaralho-me no entrelaçar de desejos
e sonhos de cada pessoa que
a cada instante e a todo momento
me cerceia, cada vez que penso,
cada vez que planejo
e outro entra no meio.

Envolve-me com sua vontade,
entrecruzando com a minha,
sobrepõe-se a maior verdade,
que nas teias da vida
estamos todos bem amarrados.

Há um amor maior, um sonho maior
realizado por nós neste veio,
lutando e desbravando
para que seja enfim, liberto.

E livre, tece sua própria teia
a comandar seus desejos
sobrepondo-se aos alheios.

Rose 28/01/2009

ENSAIO A DANÇA COMUM

Ensaio a dança comum
(foto: Catarina Krug - Alma que Dança)

Nos tênues fios que em abraço nos envolve,
perco-me em arroubos de euforia num enlace
que chega a sufocar. Encanto-me.
Ah, os finos traços de tua beleza juvenil!

Bailamos a sombra de nossos corpos
na melodia do silêncio sepulcral,
e perdemo-nos no joguete dos membros

Por fim desapareces entre a luz matinal.
Permaneço à espera do teu retorno.

Minha solidão não é ferida a ser curada.

Miss T.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

LAVAGEM CEREBRAL

Lavagem cerebral

Corpos jazem

combalidos na mítica

convalescência

abstinente.

Trocaram vícios

recorrentes

por um novo:

o não viver.

Terapias falhas

dão nisso.

São muito eficazes

no fabrico

de mortos-vivos.

Malu Sant'Anna

COMEÇAR? PRÁ QUE?

Começar? Prá que?
IMAGEM GOOGLE SEARCH


O primeiro marca o início do fim,
então não quero fazer primeiro.
Deixe-me ser o segundo da fila,
ser o do meio, pra não ser o último.
Não quero roubar a virgindade,
então dou-lhe passagem, fique à vontade...
O primeiro é tenso,
o segundo tem mais tempo,
mas não quero provar o resto.
Deixe-me no meio,
enquanto está quente,
mas não ainda fervente,
estou sem pressa
não como cru,
estou com tempo,
vai, se apresse
e prepare a mesa,
eu quero um banquete.

Rose Chiossi

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

NORMALIDADE

Normalidade
IMAGEM MARIAH (sem aspas nem itálicos)
Em permeio ao lugar comum e qualquer lugar,
estou sem a inspiração necessária à vida.

Tudo igual. Exatamente igual e sempre.
E eu oca, cega, surda, muda.

Estreita era a estrada e se fez preciso encolher-me,
esquivar-me para não esbarrar nos espinhos
venenosos de meus próprios pensamentos.

Um caminho sem encostas, ladeiras, horizontes,
onde eu pudesse fugir de mim mesma.

Meio torpe meio tosco, refiz-me em fino cristal.
O medo se fez presente uma vez que me tornei frágil.

Diante da inevitável convivência,
percebi que sou o que me estraga.

Jaz à vontade, o livre arbítrio,
tornei-me escrava do comum.
Sou um clone da normalidade,
da mesmice. Banhada na ignorância.

Vencida na rotina, normalidade abusiva
que me faz ser só mais uma.
Malu Sant'Anna e Tahys Meybom (Miss T)